Mensagens

A raiva (III)

Imagem
  Vou lhe dizer mestre, mesmo que você já saiba, Ele importava-me, me importa, mesmo na incerteza do seu retorno.   O amo, juro por todos os deuses que existiram, existem e existirão. Mas sua navegação não é um descuido. Enquanto eu permaneço perdida e peço ao céu que deixe migalhas para que ele volte para mim, Enquanto ele recebe bússolas en cada pouso para guiá-lo ao caminho que o fará voltar aos meus braços. Ele decide não entender, Ele decide ir à direção oposta, Ele decide o fim do mundo, se perder para sempre.   Como posso continuar esperando, mestre?   Eu confio na sua promessa, É a única coisa que me mantém com vida. Meu amor não é ele, É sua memória, é a esperança. Cada suspiro em seu nome me ofende, me irrita.   Não me culpe mestre, não me culpe se eu destruo tudo o que construí em nome da sua espera. Esta raiva profunda não é por causa de sua ausência, É o medo de que a morte chegue primeiro até ele, Pois eu temo que, mesmo na eternidade, ele continue...

Desalento (II)

Imagem
  Espero. Vejo o horizonte, onde o mar une-se ao céu. Saio a teu encontro, deixo este porto seguro e vou a ti, com nada mais que meu corpo nu. Um faminto Poseidon me faz dano, mas a certeza do teu amor me mantém à tona.   Cada estrela como cada lunar em teu corpo, me guia até teus lábios. Onde estas? Em que outros braços vos encontrarei? Em que outros olhos te refletes? Em que outro leito descansas antes de partir de novo?   Vem a meu encontro, pois preciso de ti. Parte logo... Mais uma vez, Não me importa, Mas vem para mim, uma última vez, Mesmo por um momento.   A tua lembrança, bolhas de oxigênio, velas routas, Desfaz-se. É necessario saber que ainda estas a viver, Que ainda pemsas em mim, Que ainda me amas. É necessário saber que, no meio desta imensidão, Fria e escura, Tu ainda estas procurando o meu calor, assim como eu anseio o teu.   Minha inquietação cresce a cada hora que eu não sei de ti. Aquilo que me manteve à tona, torna-se uma âncora no meu estôma...

A carta (I)

Imagem
  Para ti, amado viaja nte: Um abismo etéreo nos separa, não temas passar anos imerso em tuas aventuras. Aqui estarei eu, tua Itaca, esperando, suspirando teu retorno aos meus braços. Volta quando quiseres, mas, se me encontras desolada e ocupada, não me julgues, minha vigília por ti continua intacta. Eu sei e tu sabes que aquí estarei para quando quiseres descansar do teu velejar incessante, quando quiseres repousar, fechar os olhos e voltar ao começo. Voltar a levantar a ancora. Quando quiseres suspirar, morrer e renascer. Sê livre. Sou feliz amando-te e sabendo que és livre, mas não te enganes, estás preso entre minhas linhas, nos meus versos. Teu nome pertence aos meus lábios que pronuciam em sonhos, teu aroma pertence ao meu corpo pois com ele acordo cada madrugada. Eu fecho meus olhos e encontro os teus, por acaso te acontece o mesmo? Por acaso essa angústia do teu peito por não me ter, acalma qualquer ninfa ou sereia do caminho? Tu sabes que eu não sou teu destino, sabes que...